segunda-feira, 8 de março de 2010

Guilherme Augusto Araújo Fernandes



Era uma vez um menino chamado Guilherme Augusto Araújo Fernandes e ele nem era tão velho assim.
Sua casa era ao lado de um asilo de velhos e ele conhecia todo mundo que vivia lá.
Ele gostava da Sra. Silvano que tocava piano.
Ele ouvia as histórias arrepiantes que lhe contava o Sr. Cervantes.
Ele brincava com o Sr. Valdemar que adorava remar.
Ajudava a Sra. Mandala que andava com uma bengala.
E admirava o Sr. Possante que tinha voz de gigante.
Mas a pessoa que ele mais gostava era a Sra. Antônia Maria Diniz Cordeiro, porque ela também tinha quatro nomes, como ele.
Ele a chamava de Dona Antônia e contava-lhe todos os seus segredos.
Um dia, Guilherme Augusto escutou sua mãe e seu pai conversando sobre Dona Antônia.
- Coitada da velhinha - disse sua mãe.
- Por que ela é coitada? - perguntou Guilherme Augusto.
- Porque ela perdeu a memória - respondeu seu pai.
- Também, não é para menos - disse sua mãe. - Afinal, ela já tem noventa e seis anos.
- O que é memória? - perguntou Guilherme Augusto.
Ele vivia fazendo perguntas.
- É algo de que você se lembre - respondeu o pai.
Mas Guilherme Augusto queria saber mais; então, ele procurou a Sra. Silvano que tocava piano.
- O que é memória? - perguntou.
- Algo quente, meu filho, algo quente.
Ele procurou o Sr. Cervantes que lhe contava histórias arrepiantes.
- O que é memória? - perguntou.
- Algo bem antigo, meu caro, algo bem antigo.
Ele procurou o Sr. Valdemar que adorava remar.
- O que é memória? - perguntou.
- Algo que o faz chorar, meu menino, algo que o faz chorar.
Ele procurou a Sra. Mandala que andava com uma bengala.
- O que é memória? - perguntou.
- Algo que o faz rir, meu querido, algo que o faz rir.
Ele procurou o Sr. Possante que tinha voz de gigante.
- O que é memória? - perguntou.
- Algo que vale ouro, meu jovem, algo que vale ouro.
Então Guilherme Augusto voltou para casa, para procurar memórias para Dona Antônia, já que ela havia perdido as suas.
Ele procurou uma antiga caixa de sapatos cheia de conchas, guardadas há muito tempo, e colocou-as com cuidado numa cesta.
Ele achou a marionete, que sempre fizera todo mundo rir, e colocou-a na cesta também.
Ele lembrou-se, com tristeza, da medalha que seu avô lhe tinha dado e colocou-a delicadamente ao lado das conchas.
Depois achou sua bola de futebol, que para ele valia ouro; por fim, entrou no galinheiro e pegou um ovo fresquinho, ainda quente, debaixo da galinha.
Aí, Guilherme Augusto foi visitar Dona Antônia e deu a ela, uma por uma, cada coisa de sua cesta.
"Que criança adorável que me traz essas coisas maravilhosas", pensou Dona Antônia.
E então ela começou a se lembrar.
Ela segurou o ovo ainda quente e contou a Guilherme Augusto sobre um ovinho azul, todo pintado, que havia encontrado uma vez, dentro de um ninho, no jardim da casa de sua tia.
Ela encostou uma das conchas em seu ouvido e lembrou da vez que tinha ido à praia de bonde, há muito tempo, e como sentira calor com suas botas de amarrar.
Ela pegou a medalha e lembrou, com tristeza, de seu irmão mais velho, que havia ido para guerra e que nunca voltou.
Ela sorriu para a marionete e lembrou da vez em que mostrara uma para sua irmãzinha, que rira às gargalhadas, com a boca cheia de mingau.
Ela jogou a bola de futebol para Guilherme Augusto e lembrou do dia em que se conheceram e de todos os segredos que haviam compartilhado.
E os dois sorriram e sorriram, pois toda a memória perdida de Dona Antônia tinha sido encontrada, por um menino que nem era tão velho assim.

Fonte: FOX, Mem. Guilherme Augusto Araújo Fernandes. São Paulo: Brinque-Book, 1984.

É com muito carinho que deixo a disposição dos colegas de turma do Nueca/UFF, essa aula diferente. Aula que foi e pode ser sempre adaptada, pois alguém criou, outros recriaram e eu também contribui para ajudar, nossos educandos a se lembrarem das coisas boas ou não tão boas assim, mas  mostranto que sempre se pode tirar algo positivo de tudo! Bjs. Dilma.

Dica:

Pode trabalhar com qualquer segmento.
Construa uma caixinha de memórias com sua turma, em que cada um possa trazer  alguns objetos que traz boas lembranças.


Aluno (a): Dilma Figueiredo Pereira Barcellos Data: 22 / 02 / 2014

Tutor (a): Lucas Leal

Módulo: 2

Atividade: 1

g) Escreva uma atividade que deu certo com seus alunos e da qual você se orgulha.

1. TÍTULO DA ATIVIDADE:

História de vida do educando

2. EM QUAL TURMA/SÉRIE FOI APLICADA:

Projeto Mova Brasil /2010 Alfabetização

3. MATÉRIAS:
Português (texto), Arte (desenho), História (comunidade) e Geografia (local)

4. RELATO DA ATIVIDADE

Contei a história de Guilherme um menino que fez de tudo para ajudar a Dona Antônia a recuperar a memória.

Escrito por Mem Fox

Ilustrado por Julie Vivas

5. PORQUE OS ALUNOS GOSTARAM DA ATIVIDADE

Cada aluno falou como imaginava que o Guilherme fez para recuperar a memória da Dona Antônia e quando alguém acertou foi aquela alegria.
Depois cada aluno fez um desenho de si e falou um pouco de sua história de vida. Isso fez o lembrar também de sua infância.

Objetivos: 

Formular hipótese do assunto de um texto pelo título.

Identificar em que pessoa está o texto.

Relacionar os fatos com sua vivência.

Produzir um texto ou falar, para aquele que não escreve sua história de vida.




Fonte: https://sites.google.com/site/revistaeraumavez/guilherme-augusto-araujo-fernandes