Introdução
Existem vários tipos de manifestações, rituais e práticas religiosas na África, além de grande influência das crenças dos antigos indígenas africanos.
As religiões no continente estão distribuídas em mulçumanos, cristãos, religiões tradicionais africanas, além dos seguidores das igrejas independentes.
A religiosidade africana para os/as escravizados/as não se separava das demais dimensões da vida e que foi esta característica que potencializou o poder de influência desta cultura em tantos setores da sociedade brasileira ainda em seu início. Leis como a do Diretório de 1759, que tornou obrigatório o uso da língua portuguesa como idioma oficial em todo o território nacional, proibindo o tupinambá e a proliferação dos dialetos e línguas africanas que já dominavam o falar dos colonos.
São consideradas religiões afro-brasileiras, todas as religiões que tiveram origem nas Religiões tradicionais africanas, que foram trazidas para o Brasil pelos negros africanos, na condição de escravos. Ou religiões que absorveram ou adotaram costumes e rituais africanos.
No Candomblé apenas se joga búzios (conchas) ou se traça o ODU (uma forma de “numerologia dos Orixás”), na Umbanda se utiliza um sem número de oráculos “importados” de outras culturas, como o baralho cigano, o tarot , o transe mediúnico e as “consultas” dadas pelas entidades.
Parte da Umbanda vem do Candomblé e por isso algumas coisas são muito parecidas, como a roupa ao estilo “baiana”, os colares (guias e fios de contas) , “turbantes” e acessórios, a dança em roda , o som dos tambores…; mas com o tempo já se consegue distinguir perfeitamente uma coisa da outra , ex. roupas de baiana coloridas é só na Umbanda, imagens de santos católicos misturadas com índios (caboclos) e pretos velhos é da Umbanda, cânticos (pontos) em português é da Umbanda, roupas rituais “ocidentalizadas” com sapatos brancos ou de salto, chapéus, cocares, ciganas, boiadeiros, marinheiros etc…
A Umbanda, no Candomblé as roupas são mais africanizadas e geralmente brancas e simples (exceção para as vestimentas dos Orixás que são bem diferentes mas também muito africanizadas).
A África eram cultuados mais de 200 orixás, no Brasil esse número reduziu-se a 16, cada Orixá está ligado a uma força da natureza / vida e a sua energia é chamada de AXÉ .
RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS
As religiões de matriz africana foram incorporadas a cultura brasileira desde há muito, quando os/as primeiros/as escravizados/as desembarcaram no país e encontraram em sua religiosidade uma forma de preservar suas tradições, idiomas, conhecimentos e valores trazidos da África.
E assim como tudo que fazia parte deste universo, tais religiões – apesar de sua influência e importância na construção da cultura nacional – também foram perseguidas e, em determinados momentos históricos, até proibidas. Atualmente, os ataques mais expressivos às religiões de matriz africana vêm das chamadas religiões ‘neopentecostais’, que comumente as rotulam de ‘culto aos demônios’, ‘crendices’ e ‘feitiçarias’.
Toda essa ignorância com relação a essas culturas gera um ambiente propício para intolerância, proporcionando sofrimento aos praticantes e a todos/as aqueles/as que fazem parte da população negra, que tem os seu direito de pertença e identidade racial muitas vezes negado em função do racismo.
A ministra religiosa e Iyalorisá, Carmen Prisco, defende que para combater o racismo e a intolerância religiosa o governo brasileiro precisa reconhecer a contribuição dos africanos na construção da alma brasileira e tombar o candomblé como Patrimônio Cultural Intangível da Humanidade.
O Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade é uma distinção criada em 1997 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura para a proteção e o reconhecimento do patrimônio cultural imaterial, abrangendo as expressões culturais e as tradições que um grupo de indivíduos preserva em respeito da sua ancestralidade, para as gerações futuras.
“O candomblé representa o espaço onde a cultura dos escravizados que vieram para o Brasil está guardada, está sendo preservada e transmitida. Se as leis municipais continuarem fechando terreiros, não reconhecendo o lugar do sagrado que o nosso culto possui, em 50 anos não teremos mais candomblé e as pessoas não vão nem saber da história dos escravizados no Brasil”, destaca Carmen.
Para ela é função dos/as educadores/as levar estes conhecimentos para a sala de aula e contribuir para perpetuação dos valores civilizatórios de tradição africana. Ela inicia esse resgate histórico distinguindo a origem e história dos ancestrais africanos que vieram na diáspora.
Os Bantus eram o grupo mais numeroso, dividiam-se em angola-congoleses e moçambiques. Sua origem estava ligada ao que hoje representa Angola, Zaire e Moçambique, os principais destinos deste grupo eram Maranhão, Pará, Pernambuco, Alagoas, Rio de Janeiro e São Paulo. Eles foram os primeiros a chegarem no Brasil e a fundarem com os indígenas o candomblé de cabloco, primeira manifestação religiosa com origem africana do país.
Já os Iorubas ou Nagôs-Sudaneses eram formados por: iorubas, jejes e fanti-ashantis, trazidos do sudoeste do continente africano, do que hoje é representado pela Nigéria, Daomei e Costa do Ouro, seu destino geralmente era a Bahia. Entre eles tinham os mulçumanos, que de acordo com Carmen, eram os não-escravizados e também muitos guerreiros, que em sua maioria foram para os engenhos de cana-de-açúcar. No final da Diáspora, aqui chegaram os Fon, cuja maior expressão histórica, política e social se expressou no Benin, através do Reino do Dahomey.
Algumas manifestações:
Batuque – sediado no Rio Grande do Sul, se estendeu para países vizinhos como Uruguai e Argentina. É fruto de religiões dos povos da Costa da Guiné e da Nigéria, como as nações Jeje, Ijexá, Oyó, Cabinda e Nagô.
Candomblé -Tem rituais, realizados ao ritmo de atabaques e cantos em idioma ioruba ou nagô, que variam conforme o orixá que está sendo cultuado. As cerimônias do candomblé são realizadas nos "terreiros" - que hoje são casas ou templos, mas expressam no nome suas origens: era em clareiras na mata que os escravos podiam expressar sua religiosidade. Os ritos são dirigidos por um pai de santo (que tem o nome africano de babalorixá) ou uma mãe de santo (ialorixá). Também são feitas oferendas e consultas espirituais através do jogo de búzios (um tipo de concha do mar que é usada como um oráculo para orientar e fazer previsões). Atualmente, os terreiros de um candomblé mais próximo a suas origens estão na Bahia.
Candomblé é uma das religiões afro-brasileiras praticada principalmente no Brasil, mas também em países adjacentes como Uruguai, Argentina e Venezuela.
A religião foi desenvolvida no Brasil com o conhecimento dos sacerdotes africanos que foram escravizados e trazidos da África para o Brasil, juntamente com seus Orixás, sua cultura, e seus dialetos, entre 1549 e 1888.
Embora confinado originalmente à população de escravos, proibido pela igreja Católica, e criminalizado por alguns governos, o Candomblé prosperou nos quatro séculos, e expandiu consideravelmente desde o fim da escravatura em 1888. Na cidade de Salvador existem 2230 terreiros registrados na federação Baiana de Cultos Afro-brasileiros. Entretanto, na cultura brasileira as religiões não são vistas mutuamente como exclusivas, e muitos povos de outras crenças religiosas participam em rituais do Candomblé, regularmente ou ocasionalmente. Orixás do Candomblé, os rituais, e as festas são agora uma parte integrante da cultura e uma parte do folclore brasileiro.
Crenças: Candomblé pode ser considerado uma religião monoteista, onde a palavra de Deus é traduzida nas várias línguas utilizadas em seus rituais. Os Orixás, Voduns e Inkices não são considerados deuses e nem são comparados à Deus, também é considerado uma forma de espiritualismo por cultuarem outros espiritos, derivados das religiões africanos.
Do Calundu colonial da Bahia surgem os primeiros terreiros de candomblé e com eles a organização político-social-religiosa. Neste ponto, as irmandades não podem ser esquecidas. Elas têm como origem a mistura proveniente da cultura dos escravizados com o catolicismo. A mais antiga é a Irmandade da Boa Morte, que no terreiro da Casa Branca fundou os alicerces para que as demais casas de candomblé pudessem ser criadas e posteriormente, se espalharem pelo Brasil.
Cabula – é o nome pelo qual foi chamada, na Bahia, uma seita surgida no final do século XIX, com caráter secreto e fundo religioso. Além do cunho hermético, a seita mantinha forte influência da cultura afro-brasileira, sobretudo dos malês, bantos com sincretismo provocado pela difusão da Doutrina Espírita nos últimos anos do século XIX. A Cabula é classificada como candomblé de caboclo, considerada como precursora da Umbanda, persiste ainda como forma de culto nos estados da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Culto aos Egungun – é uma das mais importantes instituições, tem por finalidade preservar e assegurar a continuidade do processo civilizatório africano no Brasil, é o culto aos ancestrais masculinos, originário de Oyo, capital do império Nagô, que foi implantado no Brasil no início do século XIX. O culto principal aos Egungun é praticado na Ilha de Itaparica no Estado da Bahia, mas existem casas em outros Estados.
Catimbó - Concebe-se como Catimbó-Jurema, ou simplesmente Jurema, a religião que se utiliza de sessões de Catimbó na veneração da Jurema sagrada e dos Orixás. O Catimbó-Jurema é um culto híbrido, nascido dos contatos ocorridos entre as espiritualidades indígenas, europeia e africana, contatos esses que se deram em solo brasileiro, a partir do século XVI, com o advento da colonização.
Xambá - A Nação Xambá é uma religião afro-brasileira ativa em Olinda, Pernambuco. Alguns autores afirmam que este culto está praticamente extinto no país.
Omolocô – é um culto presente no Rio de Janeiro, mas veio pela Bahia e também é encontrado no Rio Grande do Sul, é caracterizado por suas práticas rituais e de culto aos Orixás, Caboclos, Pretos-velhos e demais Falangeiros de Orixás da Umbanda. O culto Omolocô é apontado por estudiosos do assunto e praticantes como um dos principais influenciadores da formação da Umbanda africanizada, ao lado do Candomblé de Caboclo, do Cabula e do próprio Candomblé. Teria surgido entre o povo africano Lunda-Quiôco.
Na África do Norte as religiões predominantes são o cristianismo e o islamismo, na África do Sul estão às religiões tradicionais, embora exista uma minoria que pratique o cristianismo, islamismo e hinduísmo.
A religião tradicional é composta pelo real, ou material e pelo invisível, espiritual. Assim, esses dois aspectos se comunicam, os dois são importantes dentro dessa crença. Esta religião tem como sinônimo no Brasil o candomblé, que consiste no culto aos Orixás, que são considerados deuses:
UMBANDA
No início do século 20, algumas décadas depois da abolição da escravatura no Brasil, originou-se na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro, um culto afro-brasileiro muito importante: a umbanda. Ela incorpora práticas do candomblé, do catolicismo e do espiritismo. É um culto mais brasileiro, mais simples e mais popular, até porque seu idioma é o português e não as línguas ou dialetos africanos. Mas a umbanda também sofreu perseguições. Muitos terreiros foram invadidos pela polícia e os rituais foram proibidos.
No entanto, com a Proclamação da República, a Igreja e o Estado se separaram. A partir daí, tornou-se um contrassenso a polícia discriminar uma religião. Além disso, com o movimento modernista e a valorização da cultura popular, as religiões afro-brasileiras tornaram-se objeto de interesse e estudo de intelectuais que saíram em sua defesa.
Desse modo, a umbanda deixou de ser perseguida e foi conquistando muitos seguidores. Para a umbanda, o universo está povoado de entidades espirituais que são chamadas guias e se comunicam através de uma pessoa iniciada, o médium. As guias se apresentam como pomba-gira, caboclo ou preto-velho. O caboclo é a representação do índio brasileiro e o preto-velho representa o negro no cativeiro. Existem muitas diferenças na maneira como a religião é praticada nos diversos templos e terreiros de umbanda e nas diversas regiões do Brasil.
Na umbanda, os orixás do candomblé são cultuadas. Os guias, entidades espirituais, se apresentam na forma de espírito indígena, pretos velhos ou pomba-gira que dão conselhos e passes. Surgida no Rio de Janeiro na década de 1920 é uma mistura de elementos religiosos afro-brasileiros e do espiritismo - um sincretismo religioso
QUIMBANDA
É um culto afro-brasileiro, derivado da Umbanda, que tem como linha principal a devoção aos Exus e Pomba-Giras, consideradas entidades inferiores pelos umbandistas. Adota suas próprias práticas, como o sacrifício rituais de animais e a utilização de voduns.
TAMBOE DE MINA
Mina é a denominação de uma religião afro-brasileira ocorrente principalmente no Maranhão, onde se cultuam voduns (entidades da religião de Mina, tidas como anscestrais da família real do reino de Daomé), Orixás (entidades dos cultos afro-brasileiros de origem Iorubana) e Cablocos (entidades que não são incluídas nas categorias Vodum e Orixá).
Candomblé e umbanda: Religiões africanas e sincretismo religioso
Quem trouxe o candomblé para o Brasil foram os negros que vieram como escravos da África. Entre eles se destacavam dois grupos: os bantos (que vinham de regiões como o Congo, Angola e Moçambique) e os sudaneses, que vinham da Nigéria e do Benin (e que são os iorubas, ou nagôs, e os jejes).
Porém, a religião oficial no Brasil era o catolicismo, trazido pelos brancos, de origem portuguesa. O candomblé - culto africano que se tornou afro-brasileiro - era encarado como bruxaria. Por isso era proibido e sua prática reprimida pelas autoridades policiais. Assim, os negros passaram a cultuar suas divindades e seguir seus costumes religiosos secretamente. Para disfarçar, identificavam seus deuses com os santos da religião católica. Por exemplo, quando rezavam em sua língua para Santa Bárbara, estavam cultuando Iansã. Quando se dirigiam a Nossa Senhora da Conceição, estavam falando com Iemanjá. Esse processo foi chamado de sincretismo religioso.
Porém, a religião oficial no Brasil era o catolicismo, trazido pelos brancos, de origem portuguesa. O candomblé - culto africano que se tornou afro-brasileiro - era encarado como bruxaria. Por isso era proibido e sua prática reprimida pelas autoridades policiais. Assim, os negros passaram a cultuar suas divindades e seguir seus costumes religiosos secretamente. Para disfarçar, identificavam seus deuses com os santos da religião católica. Por exemplo, quando rezavam em sua língua para Santa Bárbara, estavam cultuando Iansã. Quando se dirigiam a Nossa Senhora da Conceição, estavam falando com Iemanjá. Esse processo foi chamado de sincretismo religioso.
Em solo brasileiro a religiosidade de origem africana adaptou-se à realidade do regime escravocrata e cristão-católico. Contudo, mesmo sob grande privação, a força milenar da fé desse povo (re) nasceu das cinzas nas senzalas das fazendas e nos quilombos, formando uma vasta gama de denominações religiosas “afro-brasileiras”.
Conhecemos as religiões afro-brasileiras como Candomblé, Batuque (no RS), Umbanda (a mais tipicamente brasileira), Xangô, Tambor de Minas, Cabula, Encantaria, entre outras tantas.
Com a vinda dos povos africanos ao Brasil - aqui vendidos como mercadoria destinada à escravidão - veio também sua milenar cultura e formas de cultuar Deus e outras entidades transcendentes. Não se trata, portanto, de uma cultura e religiosidade qualquer: quando falamos da África, precisamos ter em conta de que aquele continente vem a ser o berço da raça humana e, por conseguinte é, igualmente, um importante polo cultural onde se desenvolveram as primeiras grandes religiões do mundo, o culto aos ancestrais, os Orixás.
A diversidade nominal das religiões de matriz africana deve-se, em parte, às diferentes nações que deram origem ao povo africano no Brasil. Destacam-se as nações Keto, Angola e Banto.
Um Deus, diversas divindades.
As religiões de matriz africana, ao contrário do que se poderia imaginar, não são religiões politeístas. São monoteístas. Conforme a tradição Yorubá, Olodumaré (ou Olorum) é o nome do único Deus Supremo, o Senhor absoluto sobre o que há no céu e na terra. Olodumaré é Único, Criador, Rei, Onipotente, Transcendente, Juiz e Eterno. Não recebe cultos e oferendas diretamente. Mas sempre que um africanista invoca uma divindade, a oração inicia por Axé (se Deus puder aceitar esta minha oração).
As divindades que recebem cultos e oferendas são os Orixás. São figuras divinizadas a serviço do governo do mundo. Algumas destas, ao lado de Olodumaré, participaram da criação do mundo (Oxalá, Oxum e Iemanjá). Outros são ancestrais. São homens e mulheres que, por suas vidas exemplares, foram divinizados e agora personificam forças e fenômenos naturais. Cada Orixá representa uma força da natureza. Por isso muitos classificam estas religiões como animistas. Quando um devoto dessas religiões invoca seu Orixá, ele se refere às forças da natureza pertencentes à criação do Pai Olodumaré.
Os Orixás
Entre outros, os mais cultuados são:Exu (Bará): cuida dos prazeres, da virilidade, da procriação. Vestido com um manto vermelho e correntes, cumpre a função de ligar o humano ao espiritual.
Ogum: envolto em vestes de metal e cheio de armas, é o dono do ferro forjado e o que dele derivar. Sua força se destina aos que precisam de socorro imediato.
Iemanjá: veste-se como as ondas do mar e sua espuma. Enfeitada de estrelas e conchas marinhas, recebe a incumbência de iluminar as estrelas e cuidar da clareza dos pensamentos dos filhos de Olodumaré.
Iemanjá: veste-se como as ondas do mar e sua espuma. Enfeitada de estrelas e conchas marinhas, recebe a incumbência de iluminar as estrelas e cuidar da clareza dos pensamentos dos filhos de Olodumaré.
Iansã: traz ventos e frescor. Coberta de exuberantes adornos de cobre, administra os montes com seus ventos. Proporciona alegrias, moradia e panelas fartas em alimentos.
Xangô: se apresenta como força incandescente. A ele cabe zelar para que em cada amanhecer o sol traga seu calor e claridade, e que, por sua força e sabedoria, seja feita a justiça. Também cuida do jogo.
Xangô: se apresenta como força incandescente. A ele cabe zelar para que em cada amanhecer o sol traga seu calor e claridade, e que, por sua força e sabedoria, seja feita a justiça. Também cuida do jogo.
Odê e Otim (Oxossi): enfeitados com peles e penas, têm a função da caça e da pesca, bem como cuidam da alimentação. E por serem jovens cheios de vitalidade, assumem o cuidado do crescimento das crianças.
Obá: simples, firme, seguro e adornado com uma navalha, tem a seu encargo a guarda dos caminhos. Ademais, Olodumaré ordena que Obá zele pelas amizades e que corte as intrigas com a sua navalha.
Obá: simples, firme, seguro e adornado com uma navalha, tem a seu encargo a guarda dos caminhos. Ademais, Olodumaré ordena que Obá zele pelas amizades e que corte as intrigas com a sua navalha.
Oxalá: é o mais velho dos filhos de Olodumaré. Usa vestido de algodão branco e cumpre a função de administrar a evolução espiritual e a paz entre todos os seres humanos.
Ossanha: veste folhas e sabe lidar com as ervas (plantas) que curam.
Oxum: revestida de ouro e riquezas, é a responsável pela beleza e pela fecundidade. Assume a tarefa de harmonizar os lares, cuidar das famílias, das crianças, das nascentes dos rios e da água doce.
Ossanha: veste folhas e sabe lidar com as ervas (plantas) que curam.
Oxum: revestida de ouro e riquezas, é a responsável pela beleza e pela fecundidade. Assume a tarefa de harmonizar os lares, cuidar das famílias, das crianças, das nascentes dos rios e da água doce.
Para cada momento da vida de uma pessoa, família ou grupo social a cultura religiosa africanista destina a proteção de um ou mais Orixás. Não há espaço para a solidão ou para a falta de proteção divina. Tudo que é da vida é da religião.
Além da interligação do humano com o divino, as Religiões dos Orixás (permita denominá-las assim) cumprem também importante papel social na vida de seus adeptos. A dura vida do trabalho forçado, a marginalização e o racismo que os acompanha desde os primórdios da escravidão, encontrou nos terreiros, sob a proteção dos Orixás, um importante lugar de liberdade e experiência cidadã. Mas não só naquele tempo. A maioria dos negros ainda hoje permanece na periferia da sociedade devido a um avassalador processo de marginalização e exclusão social. Por isso, os terreiros das religiões de matriz africana continuam sendo um privilegiado lugar de integração social e formação cultural. É nos terreiros que eles se sentem acolhidos e respeitados.
Na realidade MACUMBA era o nome de uma flauta rústica utilizada em festas familiares junto com outros instrumentos como atabaques e tambores, pela população mais pobre (majoritariamente ex-escravos ou descedente de escravos ) na época da passagem do Brasil Império para República ; por tal MACUMBA ou MACUMBINHA era também um sinônimo de “festa em casa”, porém como havia repressão e muito preconceito contra as reuniões afroreligiosas (na época feitas nos terreiros das casas ), ao convidar alguém para uma festa/reunião afroreligiosa as pessoas não citavam isso em público, apenas convidavam as outras para uma “MACUMBA” ou “MACUMBINHA” lá em casa… , o que era perfeitamente entendido dependendo de quem convidava e era convidado…, surgiu dai o entendimento hoje corrente para MACUMBA e obviamente para MACUMBEIROS; apesar de serem muito utilizados de forma depreciativa pelos que discriminam as religiões “afro”, o uso dos termos e auto-denominação entre os adeptos é comum e encarada por muitos de forma afirmativa (orgulho/ não-vergonha).
a UMBANDA é uma religião genuinamente brasileira nascida em Niterói em 1907 e reúne além de parte dos elementos do candomblé também elementos do kardecismo, catolicismo e espiritualidade indígena, o português é a lingua utilizada majoritariamente na UMBANDA, nela apesar de se cultuar também sete dos orixás do Candomblé e dos trajes africanizados, diferentemente há culto também à ENTIDADES como pomba-giras, exús, boideiros, marinheiros, caboclos e pretos velhos (todos inexistentes nos Candomblés de Nação)
Apesar das várias interpretações discordantes sobre o que venha de fato a ser satanismo e de sua relação com a figura de Satan, Lúcifer ou Diabo (entre outros nomes) , tudo isso faz parte de uma cosmovisão ocidental de base judaico-cristã, não tem nada a ver com a cosmovisão africana (onde não se crê em inferno, muito menos em diabo…), , as divindades africanas cultuadas são basicamente representações das energias da natureza, energias que influenciam na vida das pessoas e podem ser “manipuladas” para o bem mas também para o mal, só que isso é uma questão da ética das pessoas que manipulam ou solicitam manipulação, não das energias (que em tese são amorais), seria como dizer que a energia atômica “é do mal” pois pode adoecer e matar, quando na realidade pode também curar e facilitar a vida…, dependente de quem manipula e de sua intenção, não da energia em si, “o mal” e “o bem” está nas pessoas…, algumas vão rezar para “mil cairem à sua direita”, outras vão matar “em nome de cristo”, algumas vão fazer “trabalho” para prejudicar algum desafeto… , outras vão pedir e usar tudo isso pelo próprio bem e da humanidade… .
Na Umbanda se cultuam alguns Orixás (divindades africanas, forças da natureza que decididamente não são demônios) e “entidades ” que segundo a crença são pessoas “desencarnadas” que já viveram normalmente na terra, se manifestam como caboclos, pombas-giras, pretos velhos, ciganos, etc… (e também não são “demônios”), outros são encantados e elementais (seres místicos da natureza e em geral amorais ), que podem ser acessados para interferir nas vidas das pessoas, ou interferem sem solicitação; como a Umbanda tem base também kardecista e indígena, se crê que haja entre esses, espíritos desorientados ou essencialmente malignos que podem agir negativamente sobre as pessoas; com o tempo e incremento de outras crenças e filosofias esotéricas, com planos e dimensões astrais, passou-se a crer também em seres de “dimensões inferiores” cujo aspecto e trato se confundiria com a descrição de “monstros” e “seres infernais” propensos ao mal e que poderiam ser utilizados em “negativações” ou “trabalhos anti-éticos”, mas isso já seria objeto de uma “outra linha” da Umbanda chamada de linha de esquerda ou dos KIUMBAS (que por vezes tentam e conseguem se manifestar se passando falsamente por exus da umbanda).
UMBANDA E CANDOMBLÉ PODEM OCORRER JUNTOS EM UM MESMO LUGAR?: Existem casas (Ylês/Terreiros/ etc…) em que se praticam as duas religiões (aqui no norte, por exemplo, isso é muito comum), só que os eventos ocorrem em dias e horários separados, em um Candomblé jamais se manifestam entidades da Umbanda, apenas Orixás, Voduns ou Nkices (le-se Inkices) isso dependendo da nação, porém em grandes festas pode ocorrer de se realizar o xirê do Candomblé (roda em homenagem aos Orixás) com as devidas manifestações exclusivas do Candomblé, uma vez encerradas, se dá início a uma nova festa na sequência ( ai sim de Umbanda); existem também casas onde só ocorre Candomblé e outras onde só ocorre Umbanda.
ORIXÁS E CABOCLOS “BAIXAM” E AGEM INDISTINTAMENTE ?: Talvez essa seja a forma mais fácil do leigo diferenciar Candomblé de Umbanda, os ORIXÁS, VODUNS e INKICES do Candomblé não falam, não bebem, não fumam, não dão consulta, não abrem os olhos…, basicamente eles “baixam” mediante “solicitação” (com sucesso apenas nas pessoas já iniciadas) dançam e distribuem o seu AXÉ (força vital ) que pode ser através de um simples abraço, depois disso voltam para o ÓRUM (outro mundo) ; já as entidades da Umbanda (entre elas os caboclos) “baixam” no médium (que não precisa ser iniciado) , se manifestam como pessoas, falam, dançam, riem, bebem, fumam, dão “passes” , consultas , enfim… interagem, diferentemente dos Orixás, os Caboclos, Pomba-giras, etc.., podem se manifestar nos médiuns nos locais e horários mais inusitados e sem “solicitação”, em alguns casos KIUMBAS (espíritos malignos) se fazendo passar por exus, vem “dar uma voltinha” nesse plano, não raro colocando os seus “cavalos” (médiuns) em situações constrangedoras.
O QUE SÃO OS “TRABALHOS”? : Básicamente são “limpezas” e “oferendas” que se fazem para equilibrar as energias espirituais que regem a vida da própria pessoa ou de outra, vão desde simples banhos preparados com ervas , passando por rituais de ” limpeza” mais completos (EBÓS) a oferendas simples para se manter as energias positivadas ou oferendas complexas que envolvem rituais, “comidas de santo”, sacrifício animal…, os “trabalhos” são diferentes no Candomblé e na Umbanda (que em geral não tem sacrificio animal) , em princípio os trabalhos são manipulações de energia para o bem, auto-proteção, caminhos abertos, saúde, prosperidade, etc…; mas há quem faça a manipulação de energia para o mal dos outros ou para seus interesses próprios mesquinhos e anti-éticos, o tipo de trabalho reflete o carater da pessoa que o solicita/realiza , os “despachos” que normalmente são vistos nas encruzilhadas, do tipo galinha preta com farofa, etc… são normalmente feitos pelo pessoal de linha “esquerda” da Umbanda.
INTOLERÂNCIA RELIGIOSA, O QUE É? : É uma atitude de hostilização, incompreensão e falta de respeito para com as práticas religiosas que não as próprias…, em grande parte por falta de conhecimento sobre as outras práticas, em outra por uma introjeção mental a partir dos valores civilizatórios majoritários em dada sociedade que rechaça e inferioriza as manifestações de grupos minoritários (não necessariamente em quantidade, mas em poder econômico e social), a constituição brasileira, garante a liberdade de culto e crença. além da liberdade de expressão (o que não significa que tal “liberdade” possa ser utilizada para atacar a liberdade e a crença de outros), mais recentemente a discriminação religiosa se tornou crime através da lei caó que diz:
“Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. [..]
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Pena: reclusão de um a três anos e multa.“
Do mesmo modo o ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL (LEI Nº 12.288, DE 20 DE JULHO DE 2010.), faz defesa expressa do direito a não discriminação das religiões de matrizes africanas :
“Art. 23. É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias.
Art. 24. O direito à liberdade de consciência e de crença e ao livre exercício dos cultos religiosos de matriz africana compreende:
I – a prática de cultos, a celebração de reuniões relacionadas à religiosidade e a fundação e manutenção, por iniciativa privada, de lugares reservados para tais fins;[..]
Art. 26. O poder público adotará as medidas necessárias para o combate à intolerância com as religiões de matrizes africanas e à discriminação de seus seguidores, especialmente com o objetivo de:
coibir a utilização dos meios de comunicação social para a difusão de proposições, imagens ou abordagens que exponham pessoa ou grupo ao ódio ou ao desprezo por motivos fundados na religiosidade de matrizes africanas;
Religiões tradicionais africanas
As religiões tradicionais africanas também referidas como religiões indígenas africanas, englobam manifestações culturais, religiosas, espirituais e indígenas no continente africano, há uma multiplicidade de religiões dentro desta categoria.
Religiões tradicionais africanas envolvem ensinamentos, práticas e rituais que fazem a estrutura das sociedades nativas africanas, refletem concepções locais de Deus e do cosmos. Mesmo dentro de uma mesma comunidade, pode haver pequenas diferenças de percepção do sobrenatural. São religiões que não foram significativamente alteradas pelas religiões adotadas mais recentemente (cristianismo, islão, judaísmo e outras). Estima-se que estas religiões sejam seguidas por aproximadamente 100 milhões de pessoas em todo território africano.
Os africanos tradicionalistas quase sempre reconhecem a existência de um Deus Supremo ou Demiurgo que criou o Universo (Olodumare, Olorun, Ifá, etc). Religiões tradicionais africanas são definidas em grande parte por linhagens étnicas e tribais, como a religião yoruba da África Ocidental sendo a mais influente.
A maioria das Religiões tradicionais africanas têm, na maior parte de sua existência, sido transmitidas oralmente/espiritualmente As quatro famílias linguísticas faladas na África são: Línguas afro-asiáticas, línguas nilo-saarianas, Níger-Congo e Línguas khoisan.
Religiões tradicionais africana na Diáspora
Uma parte da Mitologia Africana foi levada para as Américas pelos africanos escravizados, as que mais se tem notícia são: a mitologia fon daomeana, mitologia yorubá, mitologia igbo, mitologia fanti, mitologia ashanti, mitologia angola, mitologia congo, mitologia bantu, que mais tarde tornou-se uma mitologia mestiça nas religiões afro-americanas, religiões afro-cubanas, religiões afro-brasileiras.
A mitologia fon daomeana que cultua os Vodun no Vodun da África Ocidental foi para as Américas e Caraíbas formando assim as religiões do Vodou haitiano no Haiti e República Dominicana, Regla de Arará em Cuba, o Voodoo nos Estados Unidos, Obeah na Jamaica e Trinidad e Tobago, Winti no Suriname, e o Candomblé Jeje no Brasil, todas parte das religiões afro-americanas. A mitologia congo é mais frequente ser encontrada na diáspora africana de diversos países, na Kumina da Jamaica, na Regla de Palo em Cuba, noa Voodoo dos Estados Unidos e no candomblé bantu no Brasil.
A mais conhecida é a dos Orixás mitologia yorubá, onde se encontra a gênese de religiões como a Santeria ou Lukumí através da Regla de Ocha, Candomblé ketu e de várias nações, Xangô do Nordeste, Batuque, Xambá, Omolokô, Umbanda (e suas vertentes), Quimbanda e outras.
Conclusão
A religiosidade africana basear-se na tradição oral isto significa que ela não possui escrituras sagradas, no entanto a fala é vista como um elemento sagrado neste tipo de religião, ora deve se salientar que o culto e veneração aos antepassados constitui a principal forma de manifestação religiosa entre os povos africanos pelo que eles não acreditam na reencarnação nem paraíso e inferno mas sim na ancestralidade, pois os mortos continuam fazendo parte das famílias dos africanos sendo consultados para a tomada de algumas decisões.
Mesmo falando línguas diferentes e cultuando seus próprios deuses, esses povos reinventaram suas origens, uniram-se e pela fusão de suas culturas construíram a nossa religiosidade e conhecimento.
É muito comum para as pessoas de outras religiões, sem religião ou mesmo as que já tiveram algum contato com a religiosidade de matriz africana em suas várias formas, dúvidas e equívocos sobre o tema.
Entendemos então que a Umbanda é uma religião brasileira que sincretiza vários elementos, inclusive de outras religiões como o catolicismo, o espiritismo, as religiões afro-brasileiras e a religiosidade indígena. Curiosidade linguística: A palavra salvar, que em função do desdobramento das consoantes L V é acrescido a vogal A, precedida de R, resulta na palavra SARAVA.
Referências:
- Disponível em: < http://artedafrica.blogspot.com.br/2009/12/religiao-na-africa.html> Acessado em: 26 out 2016
- Disponível em: <http://culturaafricananobrasilenabahia.blogspot.com.br/p/religiao.html> Acessado em: 26 out 2016
- Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/disciplinas/cultura-brasileira/candomble-e-umbanda-religioes-africanas-e-sincretismo-religioso.html> Acessado em: 26 out 2016
- Disponível em: <<http://www.acordacultura.org.br/artigos/18102013/religiosidade-as-religioes-de-matriz-africana-e-a-escola> Acessado em: 26 out 2016
- Disponível em: <https://blogdojuarezsilva.wordpress.com/2012/04/15/cultura-religiosa-as-religioes-de-matrizes-africanas-tirando-as-duvidas-basicas/ > Acessado em: 26 out 2016
- Disponívelem: <http://www.princetonol.com/groups/iad/lessons/middle/history1.htm> Acessado em: 26 out 2016
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